terça-feira, 16 de agosto de 2011

A perda óbvia

Eu perdi um espaço dentro de mim. O espaço que você preenchia nas tardes de frio, mas ensolaradas. Eu perdi a importância de ser atendido por um simples sorriso, de ser resgatado por uma piada banal sobre algo totalmente trivial. Eu perdi a capacidade de sorrir naturalmente, sem máscara, sem fantasia, sem estratégia de fingir estar bem. Eu perdi os planos que não fizemos, os filmes que não vimos, os livros que não emprestamos um ao outro, as músicas que iam nos emocionar, as viagens que íamos fazer. Eu perdi.

Eu derramei lágrimas por perder. Sorri um sorriso demente, daqueles sem demonstrar tristeza. Eu perdi uma parte de mim, quando em você, eu não mais me vi. A desorganização interior que em mim sempre esteve presente, se fez mais eficiente. Ganhei caos, dor, tragédia, amargura, banalidade. Demência.

Manhãs, tardes e noites. Som e fúria. Amor e o maior abandonado. Insensatez. Perdido. A grande mentira: tudo vai passar. Não passa. Sempre resta algo, uma lembrança, um cheiro, uma música, um momento, um lugar; aquele lugar! E esse algo que resta é o que foi perdido, é o que vai ficar no subconsciente. Eu me perdi, quando a ti, não mais vi.

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