domingo, 27 de novembro de 2011

101 rosas

Tudo a minha volta se desfaz com a água da chuva do mês passado. E eu choro. Entre mil rosas roubadas que dei para você, que agora é sem rosto, restam 101 e eu não sei o que fazer com elas, além do habitual bem me quer, mal me quer. Entre um cigarro e outro, faço um suco de laranja, coloco gelo e rum. R.E.M. e Maria Bethânia fazendo os prantos mudos gritarem dentro do meu peito amargo coisas de amor, do nosso velho amor. Os dias estão sendo assim: discos, cigarros e melancolia. Dentro de mim cabe uma vida toda, mas eu não vejo motivo para permitir. Me reinvente como um sonho, aquele sonho que tínhamos. Dentro de si resta algo que seja meu? Suporto todo tido de dor, menos a dor de ser esquecido, ainda mais por você, que vivi tão intensamente vivo dentro de mim. Todas as formas de amor são lindas e são pesadas, os fortes ignoram, os fracos como eu, as idolatram.

Não me chame pelo interfone quando sua carência sexual lhe acender e não me faça promessas da qual no dia seguinte você não vai cumprir. Você não vê que estou doente? Que sofro de uma dor cronica que se chama ausência? Eu não quero te jogar todas as merdas que sinto em cima de você, é só que está sendo muito insuportável pensar num mundo aonde eu não tenha seus abraços para me esconder. Meu jardim está morto e suas rosas estão secas, salvo aquelas 101 que eu roubei de outros jardins para te presentear. Escrevi cartas de amor para você e as queimei no segundo seguinte. E eu continuo a chorar ouvindo qualquer tango com um choro de violino; só choro, pois não sei mais dançar no escuro.

Tudo bem que você ri desse meu lamento alá ultra-romantico, eu não me importo, sou motivo de piada para os outros e para mim mesmo. Fique ai na sua, com sua vida, seus amigos, seus outros e novos amores, faculdade e suas tentativas frustradas de parar de fumar. Faça da sua vida a mais bela porra que você conseguir, hoje minha vontade é mandar você se foder. E quem sabe mais tarde, quando o disco do Arctic Monkeys acabar eu não ligue de madruga na sua casa e quando você atender com sua inconfundível voz de sono eu não diga: 'Seu otário, vai se foder' e desligue o telefone com o coração em batimentos muito acelerados. Mas na verdade, eu não tenho mais coragem de te ligar, nem se for para te xingar. Tudo que eu queria realmente é que você desaparecesse da minha vida e levasse o restantes das mil rosas que eu roubei para você.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Carta

Olá,

        É estranho, depois de tanto tempo eu vim a escrever para você. Você nessa sua áurea toda de felicidade deve não compreender o motivo dessa minha súbita aparição por meio desta carta. Mas você sabe, eu sou estranho e faço coisas esquisitas. Tudo bem se você não me responder, e nem ao mesmo ler, esta na carta na verdade não tem remetente. Louco, não? eu sei. É que na verdade, eu preciso lhe dizer certas coisas, seja você 'ele' ou quem for, não importa. Fato é que estou um pouco perdido, um pouco só, e estou sem sentido, o que na verdade nunca tive. Então resolvi lhe escrever essas humildes palavras para dizer que não te amo mais. Que estou feliz por você. Não sinto mais o maldito recalque da troca e nem o desejo que seus planos e sonhos de amor eterno furem, isso eu consegui com muito trabalho, deixar para atrás. Caso queria saber, apesar das minhas inúmeras frustrações, indignações e desalentos continuo a acreditar em um mundo aonde as pessoas não sejam tão mesquinhas e idiotas. Alguns chamam de útopia, eu chamo de esperança, como você bem sabe. Queria também lhe falar que continuo com meus planos egoístas, de se tornar um escritor com certo renome e que nesse meio tempo, foram 4 meses, certo?, eu adquiri uma vontade enorme de dirigir filmes e fazer canções. Acho que você riu, sabendo do meu grande potencial vocal e da minha habilidade de coordenação motora para fazer algo ao mesmo tempo, como cantar e tocar violão; pois é, são vontades e ambições. Apesar dos empecilhos, acredito que eu possa pelo menos ser um escritor, nem que seja de blog. Mas até Frank Sinatra conseguiu ser um ícone da música depois de supostamente ter feito um filme pornô por cem dólares, porque não eu ser um escritor de renome? Agora você deve está pensando que sou abusado de me comparação com o querido Frank, mas deixa, nesse meu mundo particular de sonhos impossiveis eu sou o rei, ou não. Deixando de lado meus desejos, queria não mais pensar em você, mesmo não te amando. É inevitável, sabe? eu fiquei por minha escolha condicionado a pensar e a saber de você por longos 4 meses e não da para chegar do dia para a noite e dizer: 'não vou mais pensar nele e nem bisbilhotar a vida dele através das redes socias', simplesmente é impossível. Eu não quero te aborrecer com isso, provavelmente você irá sentir pena de mim e se lamentar também por mim. Credo, não quero ser digno da sua compaixão ou pena. Não a de galinha, só para constar. Basicamente é uma carta de despedida, com palavras de despedida. Certo, eu já havia falado antes por e-mail, telefonemas, tweets e tantos outros meios que eu nunca mais ia me manifestar para você e tudo aquilo, mas só que antes eu te amava e tinha uma necessidade de me fazer presente, só que agora não, é pra valer, menino. Eu continuo sendo o mesmo, com algumas coisas novas, mas sempre com os velhos sentimentos, com os velhos discos de Blues, com os grandes mestres como Bukowisk e Caio F.A, com a mesma fala embargada e tímida, com o mesmo jeito desleixado de andar e de se vestir, com os mesmos sonhos e sem o nosso sentimento. Esse ficou na gaveta das lembranças, onde eu consulto de vez enquanto para me lembrar de quando o seu sorriso era meu e quando o seu peito era meu esconderijo de mim mesmo. A vida segue com ou sem reticências (...)

com carinho, Adeus

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Mecânicos

Falta na mesa arroz e feijão,mas também falta amor e compreensão. A engrenagem se move, e somos peças fundamentais para o movimento consumista. Alguns tentam fugir dessa pantomima louca e sedutora, outros, na sua grande maioria, se deixam levar. Falta o espaço na mente para se pensar. Educar é preciso, mas não só o acadêmico, falta em suma, o gosto para o aprendizado, esse o mais importante: o humano. Faz-se de conta que é preciso aprender para ganhar, consumir. Enganan-se os que acreditam. A ordem geral é educar para competir, buscar a lacuna na sociedade para ganhar espaço no status, não para humanizar. E o humanizar não está presente no sentimento, é deixado de lado e é substituido pelo movimento 'esteja na moda' , 'use e abuse', 'destrua o verde, mas tenha', etc. A grande roda que nos cerca, o capitalismo selvagem, é um sistema eficaz em sua essência: lucro. Não importa o quê, mas passa por cima e faz-se onipresente no dia-a-dia de todos. Nos faz ignorar gente como a gente passando fome, carente de saúde, carente de educação humanizada, carente de verde, etc. O mundo tão competitivo e tão ameaçador, nos amança com facilidades que segundo o sistema, nos aproxima uns dos outros, mas que na grande verdade, nos afasta mais e mais. Abrace o sistema sem o perceber, ignore a criança ao seu lado, abandonada na rua, não se importe com a mata sendo desprezada, não se preocupe com seu filho na escola, corra, busque, assista, sinta-se bem, viva uma pseudofelicidade, o mundo, as pessoas, são meros mecanismos para se obter. Será?

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sintonia do ser

Meus dedos deslizam rumo ao abismo das palavras. Meu coração carrega uma tristeza profunda, sem conclusões elaboradas. Tudo é o nada, é o nada é um infinito do tempo. O tempo, esse, que é senhor das glórias e decepções se faz onipresente em minha vida. Busco uma busca cega, da qual sou obrigado a ser escravo sem me fazer presente, de corpo e alma. Só busco. Transformo-me em migalhas para que assim me encaixe as peças que não me fazem sentido, mesmo me fazendo ser um ser. Sou abstrato e intransigente perante a minha imagem degradante, sou e nada mais. Sou tantos que me apavora o estado de definição, o estado de auto-afirmamento. Escalo as paredes de minha alma para que em cada parte possa encontrar algo que me falte em meu consciente. Sou quimera de mim mesmo, sou vento que destrói a paz interior e sou água que lava a dor que aflige meu coração. Sou quase tudo, e ao mesmo tempo sou quase nada, resta um intervalo que chamo de ausência. Dilacerado é o sinônimo de minha existência, de meu ser. Porém, sou um ser contínuo, que dentre todas as lacunas que faltam em meu interior continuo a ser, somente. Nem nome, nem expressão, nem sentimento sou, sou eu apenas tentando encontrar, algo que me falte nas penumbras da solidão.

domingo, 6 de novembro de 2011

Um Noite Em Que O Mundo Poderia Acabar


70 ou 700 bilhões de pessoas no mundo?
Muito do que se pensar em fazer com tanta merda
Seja o que for, escrevo poemas vagabundos
Porque escrever é o que me salva da loucura

Essa noite só penso no cigarro que não tenho
Mas não tem problema, continuo a escrever
Amanhã pela manhã  compro meu fumo
E quem sabe não encho a cara e depois durmo

Somos todos filhos da puta fodidos
Uns menos fodidos que outros, mas no final filhos da puta
Mijo, cago, fumo e bebo, me falta uma transa
Sempre falta algo, seja uma transa ou um trocado

O mundo com as pessoas é tedioso demais
Não posso reclamar, sou um idiota
Engano a mim mesmo e sempre penso em foder
Foder
Foder

Escondo uma parte de mim que está a salvo
Não gosto de sorrir forçado, tudo é sem sentido
Quando é feito de mentira e fantasia
É uma merda, mas é o que real

Essa noite vou ficar sem cigarro e bêbida
Sem trepar e sem sorrir, normal
Uso o que a mim tenho de melhor
Que é escrever para assim não enlouquecer